quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Meu verão vazio...

Ambos não conheciam o amor e sem saber amavam. Como duas crianças brincando na terra: simples, mas suficiente.
Ambos viviam felizes e completos, rindo, cantarolando e balançando suas mãos entrelaçadas por aí.
Não tinham nada para dar e ainda sim, davam tudo de si, davam o que possuíam e o que não tinham, davam aquilo que ouro algum no mundo pudesse comprar. Deram suas lágrimas, seu sangue e suas almas.
Ambos não sabiam amar, mas viviam, lutavam e sofriam por isto, ainda que não soubessem. Como duas crianças que por não conhecerem a morte, não podem temê-la
Eram como o mar em uma noite escura refletindo a Lua, eram sombrios e profundos, mas tão claros e cintilantes...
Ele era o verão vestido de preto, quente e intenso, porém mais lindo que a primavera com todas as suas cores, e seu olhar era como um espelho refletindo medo e ódio.
Ela era infantil e colorida, tão desastrada, perdida, deslocada, incapaz de sentir medo ou até mesmo equilíbrio diante dos olhos que ela mais amava. Ela teria dado a vida se isto a fizesse ficar presa para sempre naquele olhar.
Ele era o escuro da noite em uma linda manhã. Era o ódio e o amor.
Ela era incompleta e frágil. Sem ele por perto era quase difícil de existir, como cinzas ao vento.
Eles juntos eram como fragmentos de paraíso bem no meio do inferno.
Eram fogo, ódio, amor, vida, dor e paz em perfeita harmonia. Impossíveis de serem descritos pelos olhos de quem via. Eram o amor materializado. Logo eles que não sabiam nada sobre o amor, que não sabiam que amavam e se soubessem, não esperavam ir tão longe...
Eram como água e fogo, mas não se cancelando e sim; se contemplando... como se fosse possível.
Eles se encontraram no verão. Conheceram-se e se desejaram com a mesma força que se deseja o impossível.
Um alimentava a força do outro, alimentavam a esperança, coragem, a vida, o espírito e até mesmo a ira. Se alimentavam com a própria alma, e assim se fundiam.
Duas crianças, infantis e assustadas que não conheciam se quer a palavra amor, mas amavam. Da tal forma que se observássemos de longe nos maltrataria a força desse amor.
Thays Gomes

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