quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Nossos momentos

Esta é mais uma carta que eu escrevo, sabendo que não irei mandar. Haverá muitas reticências, frases não terminadas e algumas coisas ficarão por dizer.

Espero que você esteja bem e feliz e que ela esteja dando tudo de si para não te deixar cair em seus pensamentos sombrios e errados sobre si mesmo...
Espero que ela esteja brincando com os seus cabelos, que não são mais longos, mas ainda são lindos.
Estou da mesma maneira como naquela última ligação.
Desejo que você esteja cuidando muito bem de mim. Se você não sabe, há partes de mim com você. Ok, ainda tenho meus braços, minhas pernas e todo o resto, mas na verdade, as minhas emoções, meus medos, todos os meus sentidos e sentimentos ficaram com você. Tudo bem, eu não pretendo pedi-los de volta, mas apenas guarde todos muito bem, se não quiser tratá-los bem. Sei que não tivemos a chance de ter um fim digno de um fim, ou melhor, não tivemos um FIM, mas sei que ainda vamos nos encontrar e então você pode me entregar todos de volta.
Andei relembrando os nossos momentos, não direi os NOSSOS BONS MOMENTOS, todos que passei com você foram bons, especiais, diferentes de tudo, até mesmo os ruins, mas enfim...
Lembra da vez em que sem querer eu grudei chicletes no seu cabelo? Espero que Deus nunca me deixe esquecer a sua cara de susto, pavor, medo e ódio...
E como eu implicava com o seu cigarro? Odeio admitir, mas sinto falta dele, ainda que eu odeie cigarros, o seu até me cheirava bem...
E nossas brigas? Tantas, tantas, tantas... Não lembro de todas.
E quando estávamos separados e sentamos pra falar mal dos nossos "ficantes"? É duro quando se tem orgulho e teimosia batendo um papo, algumas coisas não vão para frente. Passamos tanto tempo em um cabo de guerra que nos esquecemos de lutar pelos mesmo ideais...
Sabe, andei pensando, não quero que nada mude. Você está feliz, está com alguém que te ama, amar ela é um detalhe. Não sei o quanto ela te quer, te deseja e te ama, mas sei que não ama, nem te quer e te deseja mais do que eu, isso é um fato! Mas devo concordar, ela te causa menos problemas, nenhuma perturbação, raiva e sofrimento, e ainda por cima o sexo é fácil e o relacionamento é cômodo, então eu desejo que você esteja com ela. Ainda que eu te ame, eu nunca fui a melhor e você merece o melhor, SEMPRE!
Isso tudo parece um pouco altruísta de minha parte, não é isso, e você sabe que não, alguém como eu, egoísta feito eu, jamais daria uma de "altruísta", mas um tempo longe faz as pessoas se tornarem monstruosamente compreensivas. Talvez eu seja capaz de compreender o que acontece agora, e isso não tem nada a vê com altruísmo...
Uma vez que te quero e aceito não te ter, você sabe, algo de horrível está acontecendo dentro de mim, mas dessa vez não vou pedir pela sua ajuda ou atenção...
Bom, algumas coisas o tempo irá me ajudar a te dizer, como se eu acreditasse nele, outras coisas que foram caladas, continuarão...
Não me importo de seguir caminhos diferentes, uma vez que sempre saberei aonde te encontrar. Sentirei você a milhas e milhas. Lembra? Ainda há partes de mim com você. E algumas outras coisas, bem, você saberá quais coisas são quando todo resto chegar ao fim. Eu permanecerei aqui. Não vou dizer que é porque estarei te esperando, talvez eu não tenha para onde ir, ou alguém que me dê abrigo.
Não tenho e não quero.
As pessoas não me servem neste momento tão bonito de solidão.
Desisti de todas! Desisti principalmente de tentar me apegar a elas porque na verdade não me desapeguei de você. E sinceramente, não é algo ruim, existe mais amor nesta loucura do que em tudo o que vivemos juntos até o dia em que você não me quis mais, sim, existe mais amor em tudo isso do que em sua vida atual, mas isso não te interessa.
Ando me afogando em livros, entupindo minha cabeça de coisas que me afastem de você, mas enquanto leio, você surge o tempo todo, me fazendo desistir de mim!
Termino aqui, mas quando você estiver para baixo e por seus pés no chão, eu espero que encontre uma maneira de voltar para mim!
Thays Gomes

Meu verão vazio...

Ambos não conheciam o amor e sem saber amavam. Como duas crianças brincando na terra: simples, mas suficiente.
Ambos viviam felizes e completos, rindo, cantarolando e balançando suas mãos entrelaçadas por aí.
Não tinham nada para dar e ainda sim, davam tudo de si, davam o que possuíam e o que não tinham, davam aquilo que ouro algum no mundo pudesse comprar. Deram suas lágrimas, seu sangue e suas almas.
Ambos não sabiam amar, mas viviam, lutavam e sofriam por isto, ainda que não soubessem. Como duas crianças que por não conhecerem a morte, não podem temê-la
Eram como o mar em uma noite escura refletindo a Lua, eram sombrios e profundos, mas tão claros e cintilantes...
Ele era o verão vestido de preto, quente e intenso, porém mais lindo que a primavera com todas as suas cores, e seu olhar era como um espelho refletindo medo e ódio.
Ela era infantil e colorida, tão desastrada, perdida, deslocada, incapaz de sentir medo ou até mesmo equilíbrio diante dos olhos que ela mais amava. Ela teria dado a vida se isto a fizesse ficar presa para sempre naquele olhar.
Ele era o escuro da noite em uma linda manhã. Era o ódio e o amor.
Ela era incompleta e frágil. Sem ele por perto era quase difícil de existir, como cinzas ao vento.
Eles juntos eram como fragmentos de paraíso bem no meio do inferno.
Eram fogo, ódio, amor, vida, dor e paz em perfeita harmonia. Impossíveis de serem descritos pelos olhos de quem via. Eram o amor materializado. Logo eles que não sabiam nada sobre o amor, que não sabiam que amavam e se soubessem, não esperavam ir tão longe...
Eram como água e fogo, mas não se cancelando e sim; se contemplando... como se fosse possível.
Eles se encontraram no verão. Conheceram-se e se desejaram com a mesma força que se deseja o impossível.
Um alimentava a força do outro, alimentavam a esperança, coragem, a vida, o espírito e até mesmo a ira. Se alimentavam com a própria alma, e assim se fundiam.
Duas crianças, infantis e assustadas que não conheciam se quer a palavra amor, mas amavam. Da tal forma que se observássemos de longe nos maltrataria a força desse amor.
Thays Gomes

When I see you smile...

 Sinto falta dos seus longos cabelos negros espalhados sobre meu colo, e como eles eram lindos e lisos, e como seu perfume afetava os meus sentidos, fazendo eu me sentir como se coberta por eles fosse o meu lar.
Eles combinavam com a sua maravilhosa pele branca, uniforme e quente, quase como fogo queimando na minha, se fundindo, e eu adorava.

Adorava como eu me sentia fraca presa pelos seus braços de aço. Amava me perder nos seus olhos de chocolate derretido, e como eles eram escuros e doces, era como se perder em uma noite negra e sem Lua e ficar contando as milhões de estrelas do céu no seu olhar...
Jamais encontrei em lugar algum do mundo ou das histórias, algo mais lindo que o seu sorriso. Eis que o pôr ou o nascer do Sol se tornaram tão sem graça, sem emoção. Nem mesmo um jardim com flores ou as ondas quebrando aos meus pés... tudo se tornou tão pequeno e insignificante. Tudo por causa daquele sorriso...
Eu odiava tudo, mas amava você.
Amava simplesmente porque você era um sonho que se tornava real em minha vida.
Você não sabe quanto tempo eu te esperei.
Eu te desenhei em minha alma, sem ao menos saber que você existia. E como mágica acontecendo bem diante de meus olhos, você estava lá. Lindo e impecável, como jamais nos meus sonhos eu te imaginaria, ainda que te julgasse perfeito.
Eu adorava te chamar de meu. Adorava me jogar e ser pega por ti. Eu contemplava a vida porque eu pertencia a você.
Continuo acreditando que em algum lugar Deus existe e eu jamais poderia duvidar, uma vez que ele me deu a maior das provas, uma vez que ele colocou a perfeição em minhas mãos. Não poderia duvidar dele, pois não duvido de você, não duvido da sua beleza inumana, que só alguém maior poderia criar.Nada nesta natureza, nada poderia ser comparado a ti.

 
Continuo achando o pôr e o nascer do Sol sem graça e nem emoção. Achando as flores sem vida nem perfume, e o mar... pequeno e insignificante, porque ainda lembro daquele sorriso, do SEU sorriso. E tenho na memória o perfume dos seus longos cabelos.

Julho de 2008
Thays Gomes

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

I will be there, always waiting, waiting for you to let me inside...

Às vezes eu me proibo lembrar de você, mas sempre certa de que não te esqueci.
Ultimamente, tenho pensado em todos os espaços em branco que você deixou dentro de mim.
Eu sei, não foi por querer, foi sem saber.
Você precisa de alguém para iluminar as sombras do seu rosto e um pouco de amor de verdade, alguém te lembrando o quanto você é lindo e que consegue, independente do seu sonho mais maluco, você é tão capaz, e eu sinto uma força imensa irradiar de você. Eu quero muito que você encontre essa pessoa, mas, eu sou tão ruim que não possa ser ela?
Quando lembro de você lágrimas escorrem pelo meu rosto e não posso fazê-las voltar, venho descubrindo que isso me torna forte, e no fundo, poderei ser a única.
Se eu pudesse jamais deixaria você cair, enfrentaria tudo com você pra sempre, estaria ao seu lado apesar de tudo, ainda que isso me mandasse para o inferno. Então, se você me deixar, eu vou para onde você for. Lá em cima, lá embaixo... Você só precisa me deixar entrar.
Em alguns momentos parece ser a hora de desistir, em outros sinto que é a hora de partir, mas quando vai ser a hora de te deixar de verdade?
Eu estou indo, só espero descobrir uma maneira de voltar algum dia, e te observar, te guiar através do mais escuro dos seus dias.
As estações continuam mudando, isso me enlouquece, me enfraquece, me mata vezenquando, mas tudo bem, eu sei que jamais esqueceria seu rosto, nem se cem invernos apagassem seu sorriso, ou o verão desbotasse sua cor, jamais, jamais, e isso me basta.

Eu estarei lá, sempre esperando...
Thays Gomes

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Um cara...

Eu passei os últimos anos escrevendo sobre como você era especial e como eu te amava e isso e aquilo.
Rabisquei milhares de folhas desenhando seu rosto. É! Enquanto você andava por aí eu te desenhava, decorei cada traço seu, e sabe, te acho absurdamente lindo. Mas chega disso!
Não sou masoquista, olha pra mim, tenho um sorriso imenso estampado em meu rosto, sofrer não combina comigo, e é por isso que não quero mais, desisti, cansei!
Passei anos dando murro em ponta de faca, insistindo, forçando a barra, mas essa tortura não vai me manter apaixonada por você o resto da minha vida. Já te falei delicadamente sobre meus sentimentos e hoje em dia confesso que ando agressiva demais. Mas...
Você já parou pra pensar que amanhã ou depois eu vou conhecer O cara? E então um belo dia vou acordar e o que eu sentia por você vai ter se transformado em uma velha lembrança... se eu ainda me lembrar de você...
Tudo bem, você não deve se importar, deve estar cansado de me ouvir falar sempre as mesmas coisas, por isso serei breve.


Morreu. Acabou. Esgotou minha fonte de amor inesgotável.
Em uma noite fria eu abri meu coração pra você, e você nem aí... eu saí, me diverti loucamente, ri muito, recebi vários elogios, conheci muitos carinhas legais e bonitos, cheguei em casa e caí na cama morta de cansaço de tanto ser feliz.
No dia seguinte fez o maior sol. Acordei com muita dor nos pés, mas nenhuma no coração, até recebi algumas mensagens. E então antes de dormir, deitada na cama, pensei em você. Eu não senti nada. NADA. Como? Meu olho costumava a encher de lágrimas, meu coração ficava apertado... mas nesse dia foi diferente.
Caiu a minha ficha do quanto você é, tão e somente, um cara burro. Todas às vezes que te disse o que sentia você veio com um balde de água gelada em cima de mim, até finalmente me fazer acordar. E sabe, acho que você jamais vai encontrar alguém que nem eu nesses lugares em que procura. Alguém que faria tudo e qualquer coisa por você! Que pagaria o preço que fosse pelo seu sorriso! Que desenhasse seu rosto ou escrevesse sobre você! Que pensasse em você todas as noites antes de dormir e escrevesse seu nome em cada pedaço de papel e ainda não te pedisse nada em troca. Porque foi isso que eu fiz durante anos, sem esperar nada.
Eu vou para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você. Ou melhor, eu costumava a ir para a cama todo dia com 5 livros e uma saudade imensa de você, saudade das coisas bobas, alguma conversa, alguma ligação, mas não existe mais saudade, não existe mais nada...
Thays Gomes

domingo, 3 de outubro de 2010

Ele

Tanto tempo se passou, tantos anos... no entanto ainda não me acostumei com a ideia de me sentir assim, tão... vazia.

Eu lembro bem do rosto dele, se eu fechar meus olhos agora consigo vê-lo aqui, sua boca, suas olheiras, sua bermuda sempre caindo, seu cabelo que algumas vezes ficava bagunçado e a sua toca quando estava frio. Confesso que lembro pouco da sua voz quando chamava meu nome, mas não me esqueço de como eu me sentia.
Me revirava o estômago, me enchia de ansiedade, sempre achei que não fosse aguentar, e então quando ele gritava meu nome, meu coração gritava junto no peito, batia tão forte, tão desesperado.
Confesso que sinto falta de tudo isso, de cada exagero meu, das tempestades em copo d'água que eu insistia em fazer por nada, enfim, de cada reação infantil, lá se foi os meus 12 anos...
Mas como pode?
 Hoje eu já sou uma mulher, já sei das coisas que gosto, das coisas que detesto, do que amo e repudio. Mudei tanto, é claro, se um ano faz diferença, quem dirá vários...
 Meu corpo mudou, meu cabelo, meu olhar, meu sorriso, minha maneira de pensar, de agir, cada parte de mim já não é a mesma de anos atrás, mas e ele? Por quê ele continua tão vivo em mim? Por quê ele revive essa garotinha de 12 anos perdida? O que eu sinto por ele? Se eu mudei, por quê ele ficou? Como ele ficou?
Eu venho me perguntando isso dia após dia, ano após ano, cada vez que eu converso com ele, cada momento em que penso nele, e nunca obtenho respostas.
Às vezes em alguma tarde vazia me pergunto sobre ele, sinto uma curiosidade imensa de saber sobre qualquer coisa ligada a ele, se ele está bem, se está apaixonado, qualquer coisa idiota.
Andando por aí ou simplesmente esperando o ônibus, vendo as pessoas indo e vindo, ele surge me sufocando, e quase sempre grito por dentro: Meu Deus! Meu Deus! Porque ele me invade assim? Sem mais nem menos? Por quê ele me dói tanto vezenquando?
Em cada rosto, em cada lugar que eu vá, é como se eu sempre estivesse esperando ele aparecer, mas nunca tenho essa sorte, ou esse azar...
Quando sinto minha visão embaçar apagando o pouco que guardo, ou quando percebo que o tempo insiste em queimar minha memória, tudo o que tenho pra me segurar são algumas fotos, algumas poucas conversas e poucas lembranças, velhas lembranças.
Tantas pessoas passaram por esses braços, por essa mente fria, suja e vazia, tantas pessoas se agarraram a mim e imploraram pra ficar, pra eu amar, e no entanto, ele não pediu por nada, nunca quis nada e teve tudo.
Tantas vezes eu olhei no fundo dos olhos de alguém, senti o coração bater, dormi no calor dos braços, quando tudo o que eu queria era o olhar dele, o coração dele, qualquer calor ou coisa que ele pudesse me dar, e eu nunca tive nada, nem uma chance...
Não é isso que machuca. O que machuca é a saudade do que não existiu. O vazio de algo que nunca foi bom ou ruim. A dúvida de não saber se é tarde ou cedo demais, se devo esquecer ou simplesmente deixar mais algum tempo passar... Então ele me diz que tem medo da única pessoa que gostou dele assim, deixar de gostar a partir do momento em que conhece-lo, e eu tenho vontade de segurar seu rosto e dizer que NÃO! Definitivamente isso nunca aconteceria! Que se eu pudesse deixar de gostar dele eu faria isso agora e não estando com ele. Por mais idiota que ele seja, por mais imbecil que ele pareça, isso nunca aconteceria e  idiotisse é tentar evitar isso, imbecilidade é pensar que isso pode acontecer e me "proteger" daquilo que eu mais quero, uma chance, ELE! Isso é ser idiota!
Mas eu sei que não é esse o problema pra não me querer... Simplesmente não me querer é a resposta!
Mas e se tudo isso tivesse acontecido em outro tempo? Outro lugar? E se não tivesse acontecido?
Eu gosto dele, gosto de ter ele tatuado em mim.
Às vezes fecho os meus olhos e sinto o vento de leve bagunçando meu cabelo, sinto o cheiro de doce do meu perfume se misturando com o da chuva, com o da terra fofinha e molhada e com o da grama, e ele me vem a cabeça, ao coração, me invade como uma melodia que só minha alma sabe tocar, uma melodia que só toca em mim quando penso nele, só nele e em mais ninguém. E eu não penso em mais nada. Não existe dor, tristeza, saudade ou vazio.
Eu me encho dele e com isso me encho de mim, me encontro, me encho de vida, de alma, de amor.
É... eu amo ele. EU AMO ELE!
Porque ele está aqui dentro de mim. Porque a doce lembrança do seu sorriso, da sua voz, do seu olhar me bagunça por dentro há anos. E quando eu me encho de Deus é quando estou pensando nele, e é isso que me traz vida... E quando eu me encho dele eu transbordo de paz, eu posso então ter um sonho, alguém pra desejar, pra imaginar, e imaginar o toque dele, a textura da sua pele, tirar sua voz do meu pensamento e a tornar real, viajar em milhares e milhares de sonhos onde tudo, tudo sempre é ele...
 Thays Gomes